sábado, 1 de setembro de 2007

Os criadores


AGUINALDO SILVA, o autor

QUEM: A favela da novela não tem crime. Você não teme ficar distante da realidade?

AGUINALDO SILVA: Pelo contrário. Uma favela que não dá ênfase à violência na ficção é muito mais próxima da realidade. Existe uma tendência a achar que a favela é um antro de marginais, quando a gente sabe que não é. A favela é um bairro de trabalhadores. Os marginais são minoria e se impõem à força. Acho que a novela vai mostrar o que é real: que a favela é um bairro onde moram pessoas menos favorecidas, mas que batalham pela vida.

QUEM: Você vai falar de política, como em sua última novela, Senhora do Destino?

AS: Minhas histórias sempre têm políticos corruptos, desonestos e populistas. Desta vez, criei um político absolutamente honesto, o deputado Narciso Telerman (Marcos Winter), que coloca a ética acima de tudo. Assim como o pastor, que será um homem de fé. Eu resolvi usar "a segunda cara" que as pessoas costumam ter desses personagens.

QUEM: Favela sem crime, político honesto... Aguinaldo Silva está mais otimista?

AS: Pelo contrário, estou cada vez mais pessimista. Quando mostro o outro lado desses personagens, estou querendo dizer para as pessoas que é assim que deveria ser. Meu pessimismo me levou a esse ponto.


WOLF MAYA, o diretor
QUEM: Como é dirigir um elenco de estrelas, com nomes como Susana Vieira, Marília Pêra e Betty Faria?
WOLF MAYA: Simples: é só colocar todos em ordem alfabética (risos)! É muito mais difícil lidar com o candidato a estrela do que com as estrelas. No profissional que já tem alguma idade e realização, a vaidade está mais atenuada.
QUEM: A emissora está construindo uma favela cenográfica de grandes proporções. Como será isso?
WM: A gente quer fazer uma cidade. Vai ter escola, quadra de samba, terreiro de candomblé. Está sendo inspirada na comunidade do Rio das Pedras (Zona Oeste do Rio), onde não existe tráfico de drogas. Estamos justamente querendo descaracterizar a favela como um antro de marginais.
QUEM: Como o próprio nome diz, Duas Caras mostra personagens mudando de cara. Como serão essas transformações?
WM: Vão acontecer após uma passagem de tempo de dez anos, mas não teremos efeitos especiais. O que mais vai surpreender nessa novela não são as mudanças, mas o fato de ser uma novela culturalmente rica. Não é uma novela do Leblon, de Copacabana ou do Nordeste. É uma Babel. Temos cenas no Sul, em Minas, em São Paulo... Surge uma lembrança do personagem no Nordeste, com imagens do maracatu, no Recife. Tudo muito rico.
Fonte: Quem



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